terça-feira, 4 de maio de 2010

Terpsícore Capillāris




Momento de ações rituais – corpo performático que se repete cotidianamente na improvisação. Corpo que, na ânsia da purificação, se desloca na própria materialização abjeta, na virtualidade da projeção, entre a limpeza da água e a esterilização do sal. Corpo que dança no movimento de eterno retorno, purificação de si na abjeção. Reabsorção o corpo que, caído na exclusão de seu resíduo, veste intimamente o pêlo outrora excluído. Movimento que reaviva a matéria morta, trazendo corpo ao amontoado de organicidade e memória sensorial. Corpo sem órgãos, que se configura apenas no instante virtual de materialização visual da matéria estática, que adquire pele e movimento, se deslocando nos hábitos performativos de higiene cotidianos. Espaço-tempo, experiência ritual tornada arte, no qual a performance corporal assume sua origem primeira da ação colaborativa. Público que se dissolve em co-autor, ocupando espaços ao se portar relativamente em relação a outros corpos, sejam estes sujeitos ou não. Ocupação, doação, troca simbólica corporal que se estabelece na performance artística.





















Não posso mais me referir ao trabalho como meu, há tempos ele já não me pertence mais, agora sou apenas ato. Sou o convite para a explosão de um desejo eminente em sujeitos capazes de sentir na carne a vertigem da morte. Rodopiantes, os corpos se dissolvem na impossibilidade da continuidade do ser.

   
Terpsícore Capillāris, 2010 - Vídeo digital Full HD - 6'34'' min.

Daniella de Moura - cabelos, edição e trilha sonora
Marcelle Louzada - dança
Philippe Lobo - edição, fotografia e trilha sonora